sábado, 1 de novembro de 2008

missing...

"-Como foi a escolinha hoje, filha?
-Tenho uma amiga nova...ela emprestou-me um lápis azul para pintar o céu do meu desenho.
Já estão duas décadas neste corpinho... Mas a vida ainda é longa e eu já sabia que a probabilidade de me surpreender diáriamente não seria nula. Não, não foi num belo dia de sol. Não, também não foi num triste dia de chuva. Eu sei que uma histórinha desta dimensão devia ter um começo daqueles que fazem lembrar purpurinas na cara de uma miúda de 5 anos mas não vou mentir, nem me lembro do dia em que isto aconteceu, se é que se pode precisar um dia. O facto é que um dia, ou num molho de dias, eu fiz uma amiga e ela nem precisou de me emprestar um lápis para eu gostar dela. Porque ela não me emprestava só um lápis para rabiscar numa folha, ela dava-me sorrisos, abraços, 'Nãos', mãos, papéis, palavras, parvoíces, risos. Ela dava-me um bocadinho do seu coração que é gigante e eu gosto muito dela com a simplicidade e sinceridade de quando temos menos de uma mão cheia de aniversários..."
Mas as pessoas crescem...mudam...e quando menos esperamos nada é como era...nada é como deveria ser...e apesar de tudo há coisas que nos fazem imensa falta e sempre continuarão a fazer por mais que o tentemos negar...

Porque não podemos ter para sempre a simplicidade e a sinceridade de uma criança?